Está marcado para dia 02 de Novembro, na Livraria Fundza, o lançamento da obra literária de Whaskety Fernando, intitulada “Os últimos animais”. O livro, que sai sob a chancela da Editorial Fundza, denuncia o mau do comportamento dos homens em diversos aspectos. “Os últimos animais” é uma obra literária cujo enredo procura retratar o desuso da razão. Não obstante tratar-se de ficção, esta narrativa é uma resultado de como vai o mundo, com desastres ambientais, guerras, ressentimento, crueldade e ódio que causa dor e sofrimento. Na véspera da cerimónia de lançamento, Whaskety concedeu uma entrevista exclusiva à revista Soletras, a qual pode acompanhar a seguir.
Nesta semana, vai lançar o seu livro de estreia, “Os últimos animais”. O que significa para si esta publicação?
Whaskety Fernando: Esta publicação para mim significa o fim esperado de um trabalho, visto que quando comecei a escrever, ou quando a brincadeira de escrever alguma coisa que me interessasse, passou (sem deixar de ser uma brincadeira séria) ao fim último disto, que era ver um livro publicado. E, já que o nascimento de um ser humano está sujeito a um processo, e quem pode dar à luz é uma mulher, sinto-me “um homem que acaba de dar à luz”, sem ser mãe, ao seu primeiro filho, por ter dado corpo a uma voz que gritava dentro de mim. O significado desta publicação é isto, a alegria de ser um pai que passou pelas “dores do parto”.
O seu livro resulta de uma chamada literária da Editorial Fundza. Como se sentiu quando foi seleccionado nesta chamada?
Whaskety Fernando: Alguém me havia dito, uma vez, que ser escritor não é ter um livro publicado, mas desde que alguém escreva alguma coisa é, sim escritor. Assim sendo, Jesus Cristo, com quem comparam Sócrates que não escreveu nada, foi também um escritor, pois a Bíblia relata que ele escreveu no chão, contudo não diz o quê. Bem, com isto só quero dizer que escritor é aquele que escreve, e a actividade é que lhe legitima o nome. Neste caso, ter sido seleccionado pelo júri, que é muito competente, é motivo de orgulho, porque há reconhecimento do meu trabalho.
“Os últimos animais” é uma obra literária cujo enredo procura retratar o desuso da razão. Acha que o Homem é o grande problema para o planeta Terra?
Whaskety Fernando: Sim, acho que nós somos o grande problema para esta nossa casa, a Terra. Porque não pensamos no outro quando fazemos algo para nós próprios. Este outro não é apenas um africano, europeu, asiático ou americano, ou o meu vizinho do lado, é também um leão, um elefante até um coelho ou um animal mais pequeno que as nossas florestas abrigam. Este outro é também cada árvore que derrubamos. Este outro é o homem, a mulher e a criança que matamos. Então, pensar no outro como irmão, é um exercício do amor.
Fale-nos um pouco da produção desta obra.
Whaskety Fernando: Apesar de ter navegado muitos mares, foi muito divertido, visto que o prazer do escritor está no acto de escrever.
Whaskety parece que escreve fora de casa e todos os dias. Fale-nos do seu processo criativo.
Whaskety Fernando: Escrevo em qualquer parte e a qualquer momento. A minha escrita começa na cabeça e termina no papel. Por isso, tenho dito que às vezes acordo, pela manhã, com tantas palavras já escritas na cabeça e, já a saber quantas páginas serão, depois, escritas no papel. Não apenas escrevo o que sinto, mas também o que não sinto e nem quero sentir. Por isso, tenho pensado muito, para sentir o que o meu corpo e a minha alma não sentem. E, aí está o meu processo criativo, que muito se baseia no movimento do tempo: o que ele vai trazer depois deste presente, o que ele vai deixar ficar para trás e o que ele vai manter. Portanto, neste exercício esqueço-me de tudo em todo o tempo que penso.
O que espera dos leitores ao lerem esta obra?
Whaskety Fernando: Somos, afinal, todos nós, escritores e leitores, uma família. E espero que eles, os leitores, conheçam os males descritos na obra. Males de que o mundo padece. A sua cura pode começar a partir deste conhecimento.
O que gostaria de dizer que não lhe tenhamos perguntado?
Whaskety Fernando: Na verdade, muita coisa pode-se perguntar sobre uma coisa. E a minha obra não é excepção. Mas quem sabe a sua leitura possa responder às perguntas que não se fizeram ouvir, não só da vossa parte, mas também as de qualquer um que o título do livro, “Os últimos animais”, já originou. Possivelmente, assim haja um reino de respostas sem perguntas, como havia de dizer Mark Thomas More.